"Me leva que eu vou", Sapucaí. Meu coração sabe que você ainda tem muito o que me contar. Pra eu cantar.

Igor Schulenburg

3/11/2025

O Carnaval é mais do que um espetáculo de cores e ritmo. Para mim, é uma promessa que se renova a cada batida diferente que percebo na bateria, a cada samba que nasce em uma comunidade, a cada verso que me lembra da paixão que sinto e que faz parte de quem eu sou.

Quando me entreguei ao Arquivo Sapucaí, sabia que seria um desafio, mas nunca imaginei o quanto me transformaria. Entre pesquisas, descobertas e madrugadas mergulhado em enredos que marcaram gerações, descobri que não apenas faço algum tipo de registro do Carnaval, eu vivo ele. Cada vídeo, cada texto, cada conversa com quem compartilha esse amor é um pedaço da minha própria história sendo escrita em um “me leva que eu vou” tão bonito quanto a Aquarela do Brasil.

E “abram alas, deixa o Igor passar”. Por que “a voz que não se cala", sempre vira “canto de alegria no ar". Esse ciclo carnavalesco, mais do que nunca, foi um capítulo especial. Pela primeira vez fiz a cobertura desde o início, na escolha dos enredos, divulgação das sinopses, e daí em diante. Como não moro no Rio, os acompanhamentos não foram in loco, mas senti na pele a energia pulsante de gente bonita, bronzeada e que quer mostrar seu valor. Gente que nunca dorme, que vibra, canta e se eterniza em cada apresentação. Tentar ficar atento aos detalhes, desvendando cada nuance, não foi apenas um trabalho. Foi um reencontro com aquilo que me faz vibrar.

E o resultado (que eu já sabia desde o início), dentro de mim foi: valeu a pena! Entre uma aula e outra sobre o que significa cada ala, cada comissão, cada enredo, aprendi que esse amor só cresce. E cresce com verdade. Porque estar envolvido com tudo isso, nunca é só Carnaval. É um chamado. É história viva. É compromisso de quem sabe que a maior festa do mundo não acontece em poucos dias: ela se constroi o ano inteiro, com suor, dedicação e uma dose inesgotável de paixão.

Se hoje sigo nessa estrada, é porque sei que a Sapucaí ainda tem muitos sambas para me contar. Pra eu cantar. E eu sigo de peito aberto, pronto para ouvir, aprender e sentir. Porque enquanto houver uma bossa nova na bateria, eu estarei lá, apaixonado, comprometido e rendido ao que tanto me fascina. Ao que tanto me ensina.

Foto: Reprodução TV