
Como nasceu o Arquivo Sapucaí
Ah, o carnaval... Mesmo tendo deixado o Rio de Janeiro com apenas um ano de idade, há algo forte que corre nas veias, uma herança preciosa que minha mãe, com seu amor pela Beija-Flor, me deixou. Não cresci na avenida, mas com o desfile das escolas de samba no coração. Desde 1989, com apenas 9 anos, eu me envolvia com os sambas de enredo, decorando-os como quem se sente parte da festa.
Meu coração é a bateria e cada história contada era como se fosse minha também. Alas, fantasias, carros alegóricos, mestre-sala, porta-bandeira... Gosto dos desfiles com uma intensidade que só cresce com o tempo. Estudar cada detalhe tornou-se minha forma de viajar para essa parte do meu mundo. A bateria, especialmente, tem o poder de mexer em algo dentro de mim, um sentimento especial... não consigo explicar. É como se, naquele momento, eu fosse um dos ritmistas (mesmo não sabendo tocar nenhum instrumento), não importa onde eu esteja. "Sonhar não custa nada... ou quase nada", já dizia a Mocidade em 1992. Sonhar com o carnaval é sonhar comigo mesmo, com o sorriso no rosto que minha mãe me transmitiu em Gbalá. E convenhamos, sonhar não custa nada mesmo.
Ah, carnaval... Você pode até tirar o carioca do Rio, mas nunca vai tirar o Rio de dentro dele. E mesmo longe, sei que a cada toque do agogô, a cada "Feridô", a cada "Vira virou", estou lá. "Explode ocoração" de alegria. "A mão que faz a bomba, faz o samba"... a música! São pedaços da minha história, lembranças de um tempo onde a única preocupação era se eu ia conseguir decorar todos os sambas antes do carnaval começar.
Por Igor Schulenburg
Igor é jornalista, carioca de nascimento e desde criança, percebe-se, tem no coração os desfiles. É o idealizador do Canal Arquivo Sapucaí, no Youtube.


Sonhar nunca custou nada!

