Jurada reclama de “excesso de iorubá” e UPM rebate: “Avaliação despreparada”

Igor Schulenburg

3/10/2025

Olha essa polêmica! A jurada Ana Paula Fernandes, que avaliou os sambas-enredo do Grupo Especial, decidiu tirar pontos da Unidos de Padre Miguel (UPM) porque, segundo ela, o samba tinha “excesso de termos em iorubá”. Isso aconteceu no desfile de domingo (2), na Sapucaí.

A UPM não deixou barato e respondeu: "Despontuar uma escola por utilizar o dialeto de sua cultura é, no mínimo, uma avaliação despreparada. Esquecer nossa oralidade para atender um acadêmico não negro não está nos planos da nossa escola".

A escola levou para a avenida o enredo "Egbé Iyá Nassô", que fala sobre a trajetória da africana Iyá Nassô e o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, uma história profundamente ligada às raízes afro-brasileiras. Mesmo assim, Ana Paula tirou 0,3 décimos do samba. Ela alegou que a letra tinha trechos difíceis de entender, que a estrutura semântica deixava dúvidas e que a melodia era “linear e sem inovações”.

No final, a UPM recebeu três notas 9,9 e um 9,7, justamente da jurada que fez essas críticas. Porém, como a menor nota é descartada, a escola fechou o quesito com 29,6 pontos.

Ou seja, no fim das contas, a nota da jurada não pesou tanto na pontuação geral, mas a polêmica ficou. O samba foi um dos destaques da noite, e a justificativa é inacreditável. Afinal, criticar um samba por usar iorubá num enredo sobre cultura afro-brasileira?

Despreparo, falta de noção e mais um caso daqueles que são evitáveis. Há tempos deveríamos pensar em algum sistema de "despontuação" diferente e que fosse menos passível de tanta bobagem que lemos nas justificativas.

Foto: Luiz Gomes / Fotoarena / Folhapress